quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Capítulo 2: Fazendo o chevrolet V8 283, Parte 3, Retífica completa agora é só montar

O motor veio da retífica e ficou aparentemente muito bom, agora inicia-se o processo de montagem. Algumas peças ainda faltam, mas no geral elas existem no Brasil pois são idênticas as do opala ou do motor 261, Iniciamos pela instalação dos aneis, processo que eu infelizmente não fotografei pois estava com a mão lambuzada de óleo. Dica para iniciantes, muitos guias dizem para passar óleo nos anéis e cavidades antes de instalar, deixe para fazer isso depois de encaixar os anéis, antes de colocar na cinta.
Usamos a tabela de torque para apertar tudo na sequencia certa e como já havia previsto possibilidade de problemas, usamos só parafusos novos no cabeçote. Infelizmente não pensei que os parafusos da biela também davam problemas e adivinhem, quebramos 2 e já fiquei preocupado com todos os outros pois pela cara da superfície de fratura esses parafusos já tinham inicio de trinca antigos.
Aproveitando que encontrei todas as peças do motor de arranque, já o montei também. Pensei em comprar um recondicionado, mas já vi muitos desses recondicionadores serem apenas lavadores e pintores de motor de arranque e venderem muita porcaria. Entrei em contato com alguns anunciados e perguntava quais os serviços e substituições que eles tinham feito e nenhum deles sabia dizer. Os novos eu não gostei, são aqueles pequenos e que fazem um barulho que não combina com o porte do carro e do motor.
 
 O bloco no suporte de motor projetado e construído por nós. Ficou tão robusto que deve dar para colocar até motor de caminhão.

 Aqui, quatro pistões já estão no lugar.

 
Aqui a vista das bielas por baixo, antes de torquear...

 
Aqui um dos parafusos quebrados. Melhor agora do que quando funcionando.

 
 Aqui está na hora de colocar o cabeçote. O engraçado é que a junta tem as cores do batmovel classico.

 
Aqui já instalamos o comando e os cabeçotes. O coletor de admissão é só para ver se precisava de algum ajuste.Agora tenho que esperar a próxima semana para chegarem algumas peças pelo correio e rezar para o distribuidor ser encontrado, já que o rastreamento diz que o objeto não foi encontrado no fluxo postal.

Ficou com cara de novo. Só não troquei o casco, nariz e tampa.

 Essa é a diferença da bobina de campo nova e a velha. Esse preto não é só sujeira, estava meio torrada mesmo, parece que em algum momento algo danificou o isolamento dela e fez um estrago.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Capítulo 2: Fazendo o chevrolet V8 283, Parte 2, Dá para arrumar

O diagnostico final do motor foi muito positivo, ele era totalmente standart mas usaram um pouco além do que deviam e em condições inospitas, como carburador todo com reparos handmade, óleo de qualidade e idade questionável, etc.
No fim, foi necessário passar a medida para 040 (pouco, já que esse bloco vai até 120) e o virabrequim para 010. O comando, que já viu dias melhores, também vai ser trocado. Selos, juntas, casquilhos, aneis, tuchos, são também o "básico" a ser trocado. A unica coisa que estava praticamente boa, mas fique preocupado de não ser a medida certa, foram os balancins, que aproveitei e colocarei roletados principalmente para diminuir o barulho do motor.
A preocupação se baseia no fato dos balancins do opala serem muito parecidos com do 283, mas terem relação 1.6:1, contra 1.52:1 originais do V8. Como eles estavam muito conservados, existe muita chance de terem sido trocados por de opala, no passado. Alguns dizem que fica melhor colocar um com relação maior pois abre mais as válvulas, outros dizem que fica pior pois abre mais as válvulas ... o fato é que para fazer sentido mudar essa relação o comando tem que ser o correto para  acertar os tempos de abertura e fechamento as novas condições. Li uma reportagem numa revista americana onde eles pegaram o mesmo motor e ficavam trocando os balancins por medidas diferentes e passando no dinamômetro. O resultado foi que o 1.52:1 foi o melhor para condição de motor original, ou alguém achava que o Ed Cole, criador dos small blocks tinha errado os calculos? Então, coloquei os roletados "e boa".
Balancins roletados 1.5, quase estado da arte.

 Pistões eutéticos novos 0km medida 040. Eles são do mesmo tamanho do 250 e do 153 do opala, mas tem esses "buracos" para válvulas, então não são compatíveis.

 O bloco já na usinagem.

Os cabeçotes na mesa de operação. as guias de válvulas não eram removiveis, então haviam duas opções, colocar válvulas mais largas ou tornar as guias removiveis. Escolhi a segunda opção. A propósito, as valvulas dos small block v8 são as mesmas do 151, 153 e 250 do opala! Não tem erro, é plug and play!

Vista das guias de valvula novas.

Bloco usinado.

Virabrequim usinado.
 Super TBI Rochester Bijet. Dois bicos gigantescos para alimentar o motor com uma entrada de ar dupla e também monstruosa. Pensei até em usar muntiponto, mas não vi muita vantagem pratica, exceto um pouco de economia de combustível que não vai se pagar nunca com a diferença de preço absurda para comprar um coletor multiponto que preste.
Não se deixem enganar, multiponto para prestar tem que ter um coletor adequadamente dimensionado em volume e comprimento (Nada de bobagem de ficar alisando eles por dentro! Para quem sabe calcular escoamento vai ver que tanto faz ser liso ou rugoso nessa velocidade! A diferença de alisar é que você aumenta o tamanho do buraco, só!). O volume e comprimento bem calculados garantem a forma do fluxo e algumas ressonâncias no movimento do ar, aumentando sua velocidade nas rotações ótimas do motor, melhorando seu desempenho e economia.
Como esse motor não foi projetado pensando em multiponto, é muito dificil fazer caber um coletor das dimensões necessárias no pequeno espaço entre os cabeçotes, algumas marcas, como a Edelbrock fizeram alguns que aparentemente funcionam, mas são muito caros e muito altos.
O TBI por outro lado funciona bem, é muito mais versatil que um carburador, mais barato que o multiponto, é muito resistente e o melhor, você coloca um filtro redondo sobre ele e vão achar que é um carburador!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Capítulo 2: Fazendo o chevrolet V8 283, Parte 1, Diagnóstico

Normalmente para fazer um motor o cidadão médio leva o carro todo para o mecânico que desmonta o mesmo, envia os pedaços para uma retifica, monta de volta sem conferir se está bem retificado e se as tolerâncias estão ok. O problema é que esse mecânico nem sempre sabe a fundo como funciona um motor, seu sistema de lubrificação e seus ajustes finos, ou mesmo realmente prestou atenção na desmontagem e não lembra onde algumas pecinhas e mangueiras vão. Na verdade, em alguns casos o cara na verdade nem se importa, ele só quer terminar esse trabalho e passar para o próximo.
Se você conhecer um mecânico realmente confiavel ou tiver tempo de acompanhar cada etapa da desmontagem e montagem, você tem muita sorte. Levar um motor incomum como um chevrolet v8 para uma oficina aumenta a atenção do mecânico e consequentemente diminui as chances de erro por desleixo, no entanto, como o motor é incomum, a pessoa tem que estar afim de estudar um pouco para conhecer as peculiaridades do motor e isso também é raro, embora eu já tenha conhecido uns 2 ou 3 que fariam isso sem problemas.
Se você não tem a sorte de conhecer um bom mecânico e tem algumas ferramentas, você pode desmontar o motor em casa, levar as peças para retífica e montar você mesmo, conferir as tolerâncias, fazer uns upgrades, regular e por para andar.
Esse é o inicio do trabalho no meu motor 283, primeiro desmontagem e diagnóstico:
Por fora está bonitinho, pintura nova sem descascados, parece que alguém deu um trato, mas até onde? Será que foi feito direito? Só para constar, o carburador tem apenas 2 parafusos dos 4 o que não é um bom sinal, além de estar num estado lamentável. A impressão que me deu é que o cara não tinha os reparos e algumas peças do carburador e montou como deu. Distribuidor de platinado ninguém merece, então terá o mesmo destino do carburador, o limbo. Serão substituidos por um sistema eletrônico digital.

O alternador é uma adaptação gambiarra de um de opala ou chevette. Um dos suportes foi cortado e parafusado de uma maneira muito estranha (não dá para ver nessa foto). Como já pretendia colocar algo mais novo, não tem problema, vai para o limbo também.

O sistema de água estava sem valvula termostática e com resíduos de corrosão .... outro mal sinal.

Pelo menos não tem resíduos de borra no oleo da engrenagem do distribuidor, bom sinal.

Outro bom sinal, as varetas do comando estão limpinhas!

Os balancins estão zerados, provavelmente não são os originais. Como são identicos do opala, alguém pode ter feito uma troca no passado.

Não parece ter nada muito "sujo" nas valvulas de escape.

Nem nas velas, embora essa aparência possa ser excesso de óleo ou de gasolina no carburador (ou uma combinação dos dois). É dificil saber qual já que o motor está parado faz muito tempo e está muito seco.

O automático do motor de arranque já era. Se não me engano esse motor não tem isso no original, era um "botão pedal".

As válvulas estão molhadas e carbonizadas, mas não muito, acho que deve dar reparo, mas temos que desmontar para ter certeza.

Embora nenhum dos aneis esteja colado, o brunimento já era, esse motor vai ter que passar por uma retífica. Até fiquei na esperânça que por um milagre ainda estivesse na tolerância de usar os mesmos pistões, mas depois de medido deu para ver que está bem gasto, vai para medida 040. Parece que esse motor já havia sido aberto, mas usaram uma junta homemade (não tirei fotos) que restringia algumas passagens de água e deve sido parcialmente responsável pelo desgaste (superaquecimento).

Por baixo não parecia que havia muita folga, exceto no casquilho perto da bomba de óleo. No fim o virabrequim vai ter que ser retificado para 025

O comando já era, está visualmente bem gasto. Provavelmente por velhice combinada com superaquecimento e até uso de óleo velho.

terça-feira, 8 de julho de 2014

End of Chapter One

Existem muitas divergencias do que é um hotrod, para alguns pode ser colocar rodas de liga em um gol quadrado com toda a mecanica e lataria comprometidos, para outros pintar um carro classico de amarelo ovo ou ainda colocar um turbo num carro 1.0 ... de fato o termo hotrod se refere originalmente (segundo a Wikipedia) ao movimento popular pré surgimento dos muscle cars onde carros "velhos" eram aliviados de seu peso e equipados com motores fora do comum e ajustados exaustivamente para competições entre seus entusiastas.
Hoje pode-se distinguir dois movimentos internacionais derivados desses tempos, os Hotrods atuais reconstroem carros melhorados empregando peças originais da época e os Streetrods que modernizam um carro antigo para que o mesmo seja aproveitado ao máximo. Para quem conhece meu outro blog, fica claro que meu chevette é um Streetrod, sua ideia final é ser um carro com a cara de 1976 mas com confiabilidade, segurança, economia e ecologia de um carro atual. 
Minha Chevrolet Brasil no entanto tentou manter sua posição como um Hotrod, no entanto, quando você sai para dar uma volta, descobre que o carburador está afogando e você desiste dele de uma vez por todas, passa a ser justo esperar que os deuses dos motores perdoem a colocção de uma injeção eletrônica nela. Pelo menos ainda não é o motor final, esse vai ficar nela apenas até o definitivo estar pronto, não percam o teaser trailer no final do capítulo.
Só para deixar claro, não acredito em mudar muita coisa do design original de um carro antigo, as cores, as rodas, os cromos e os retrovisores tem todos uma razão e se você não os compreende, não mude pois algum passou anos pensando neles e não vai ser alguém em 5 minutos comprando retrovisores de D20 1992 que vai melhorar o desenho dele. Então, confiem em mim, nada de carros monocromáticos com cores "esportivas" tipo amarela, nada de rodas cromadas com desenhos fora da época, corte de molas então, é coisa de idiota (de que adianta estragar mais uma suspensão que originalmenten já é perigosa!) assim como som alto mal dimensionado (é impressionante como alguém consegue montar um som de carro ruim só para fazer barulho e atormentar a vizinhança!). Atenha-se a aumentar a segurança do carro e a destacar o que já é bonito, capriche na pintura e nos acabamentos.


Desde a ultima postagem, pintamos, montamos, desmontamos, montamos novamente e empurramos 2,5 toneladas de metal antigo por centenas de metros. Algumas coisas ficaram excelentes, outras ficaram ruins e ainda vão ser ajustadas, mas no geral, ela já é usavel e já existem boatos sobre uma 4º pickup antiga na cidade (existe uma verde porpurina, uma amarela e uma branca).
Dizem que o humilde é aquele que quer ser elogiado duas vezes, então já admito, ficou muito boa mesmo, podem ficar com inveja ou fazer uma para vocês!

 Pintei os paralamas traseiros. Não se deixe enganar pelo brilho, a tinta tem aditivo fosco para manter o tema de carro antigo conservado. Embora o trabalho do pessoal que os fabricou seja muito bom, a textura do fundo era muito inadequada, então gastei algumas horas de lixamento para garantir a aparencia final.

 Aqui já está montada a caçamba. Não tentem montar no lugar, é impossível faze-lo sem transtorno. Montando fora é só carregar em 2 ou 3 e colocar no lugar.
Viu só, molezinha.

Enquanto isso trabalhei também nos emblemas.

Tudo pintado a mão, claro, e com tinta misturada no potinho feito de fundo de garrafa de coca cola.

Consegui uma borracha de acabamento que encaixa em tudo, o emblema ficou assim. É melhor para evitar danos para a pintura e para o emblema.

Soldagem de Emblemas!

Dizem que não se pode soldar emblemas de carros antigos pois seu metal não aceita solda. Isso é verdade, mas nada que uma boa trapaça não resolva. O metal aceita solda sim, mas sua condutividade térmica é tão alta e seu ponto de fusão tão baixo que qualquer tentativa leva a destruição da peça. O segredo (trapaça) para soldar emblemas é fundi-los novamente! Siga os seguintes passos:
  Limpe bem as partes quebradas em suas areas de contato, limpe e retire material se necessário. Encape uma tábua com algum material plástico e "equilibre" as partes formando a peça inteira como na foto. Se precisar, fure a tábua para passar os parafusos de fixação e garanta que a peça está bem encostada nela, nem que tenha que tampar frestas com vaselina.

Faça uma caixa e coloque sobre a peça como na foto. Verifique se está bem vedada e coloque gesso até cobrir a peça em pelo menos 2cm. Deixe o gesso secar. Quando estiver bem seco, vire a caixa e tire a primeira tábua que estava sob a peça, mas deixe a peça no lugar. Pronto, você tem um molde impedindo que a peça se deforme durante a soldagem. Como o cromo está protegido e sua temperatura de fusão é muito alta, ele vai ficar intácto após a solda! Use o maçarico (desculpe esquecer de tirar foto, me empolguei com o sucesso!) e se tiver disponível, use pedaços de outros emblemas como metal de adição.

Quando estiver satisfeito com a solda, quebre o gesso e limpe os resíduos do emblema.

Olha só que bonito! Não esqueça de dar uma limada e lixada para não arranhar a pintura do seu carro!

Se tiver algum suporte quebrado, regule sua (ou do seu melhor amigo ou de um conhecido) furadeira de bancada para quase atravessar a peça e faça um furo e passe um macho. Quanto mais fino melhor pois você consegue mais fios de rosca efetivos sem bater no fundo. Veja como ficou o meu.

Enquanto isso, a caçamba ficou assim. Falta somente aquele V de ponta cabeça que vai no paralamas, mas isso é simples de fazer e tenho outras prioridades no momento.

Finalmente consegui fazer todos os instrumentos funcionarem. O de combustível em não tenho certeza se está 100% calibrado pois não completei o tanque e fiquei com preguiça de abrir a boia e testar na mão. O velocimetro está bem coerente com a impressão da velocidade, mas ainda vou aferir no GPS.

 Dia "frio", janelas quase todas montadas, situação perfeita para um gato que perdeu seus óculos de quartzo rubi (segundo meu primo) usufruir dos confortos proporcionados por um banco inteiriço.

Esse é o isolamento térmico e acústico que estou instalando, faltou no teto apenas. É muito legal de instalar, ele se conforme bem e depois de colado, não sai mesmo. Esse prata não vai ficar assim, ela ainda vai para o tapeceiro fazer os tapetes e um bonito banco branco e vermelho.

 Consegui uma calotas dos modelos dos anos 50. Ainda não decidi se vou usar, mas já trabalhei um pouco no polimento. Veja como uma delas era acima e como ficou. Inox é complicado de deixar espelhado, ainda não estou satisfeito com o resultado.

Esse foi o firsth flight dela depois do restauro. Como era noite aproveitamos para regular os farois então ela saiu sem os acabamentos mas já voltou lendária, mesmo não abrindo as portas por dentro e ainda estar complicado para abrir o bocal do tanque que estava fixado de maneira não favoravel.

Esse é o TBI que usei para injetar. Coloquei um controlador ASPRO da HardwareCar. Ele é muito simples de instalar e parece que funciona meio por mágica. O ponto foi mole de fazer a curva pela especificação do distribuidor original e com o scanner está sendo moleza de calibrar a injeção "on the flight". Detalhe, o motor pegou de primeira sem ter acertado as curvas!

Vista do cofre com o motor temporário. O radiador polido ficou bonitão, pena que o vazamento de água pela tampa enfeiou um pouco.

Esse é o interior como ficou, falta só montar o porta luvas que vai esconder o radio (simples, sem CD ou DVD, apenas cartão de memória e 50W RMS 4 canais) e mandar para tapeçaria. Atenção para as hastes brancas dos pedais, nunca vi de outra cor que não pretas.
Durante muito tempo cogitei o que daria uma boa bola de câmbio: Aranhas em resina? Siri em resina? Bola 8 de bilhar? Dado gigante? Caveira? Uma mão virada para cima? Nada disso me parecia fazer sentido. Todos são simbolos de algo que não faço parte.

Resolvi utilizar um dos maiores simbolos da geração dos video games, o pacman. A foto não faz jus a tranqueira legal que ficou, usei a tinta de cromar em durepox, ficou ridículo mas é melhor que um siri na resina. Vou fazer uma versão mais trabalhada quando for instalar o motor final.

Então aqui estamos.

Fim do Capítulo 1















Capítulo 2